Texto
Base: “No demais, irmãos meus,
fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a
armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas
ciladas do diabo. Porque não temos que lutar contra a carne e
o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os
príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos
lugares celestiais. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais
resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes. Estai, pois, firmes,
tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça;
E calçados os pés na preparação do evangelho da paz; Tomando sobretudo o escudo
da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno. Tomai
também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus;
Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando
nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos,” Efésios
6:10-18
Recordo-me de uma frase que um diácono da igreja onde
me converti e congreguei por alguns anos me disse, logo após apresentarmos uma
versão de A Paixão de Cristo, que escrevi, para ser feita na rua, no domingo de
páscoa. Ele me parou no portão e disse: “que bom que você tem disposição para
esse trabalho! Lembre-se: Tudo que te vier à mão para fazer, faze-o com todas
as forças! (Ec. 9.10a) E não desanime quando se levantarem contra você!”.
Também lembro da forma como reagi. Eu era nova convertida, estava super animada,
engajada em quase todos os ministérios; já era até líder. Eu fiquei surpresa e
pensei que o desânimo jamais poderia me alcançar. Oito anos se passaram e agora
sei que ele quis dizer. Desânimo, “irmãos” se levantando contra mim. “Mas por
quê, Senhor?” eu pensava. Até entender que sempre que fazemos a vontade de Deus
nos tornamos alvos do inimigo foram muitas lágrimas.
A vida cristã é assim. Jesus no disse que mundo temos
aflições. Quanto mais quando nos colocamos à disposição de Deus a fim de sermos
usados para Sua honra e glória, e para ir e pregar o evangelho. O diabo não
está satisfeito com aqueles que realmente servem a Deus. E aí,
vêm as
batalhas...
O texto escolhido fala da armadura do cristão. Quando
pensamos em uma guerra, imaginamos o soldado pronto. Ele precisa usar a roupa
certa, estar armado corretamente. Ir para a batalha despreparado e garantia de
fracasso. O mesmo acontece no mundo espiritual. Enfrentamos diversas batalhas!
Há algumas que começam e nós nem mesmo percebemos. Se, porém, estivermos
prontos, sairemos vitoriosos. Um problema que cristãos geralmente enfrentam é
que uma ou outra parte da armadura nem sempre está no lugar. A verdade é que
relaxamos durante os tempos de paz. Tudo vira um ritual: acordar, ir trabalhar,
ir à igreja, dormir. Orar, sim, mas mecanicamente. Pedir por cura,
mecanicamente. Vira costume. E aí, vêm as
batalhas...
A vida cristã é assim – batalhas a todo
tempo. A questão é a forma como nós enfrentamos as batalhas:
precisamos primeiro estar devidamente vestidos. Nossa armadura não pode ter
nenhuma brecha, nenhuma rachadura, não pode faltar nenhuma peça. Verdade,
justiça, o Evangelho, fé, salvação, e a Palavra precisam fazer parte de nossas
vidas em todo o tempo. Não usar qualquer parte de armadura pode causar danos
irreparáveis, até mesmo a morte. Um guerreiro sem capacete, se levar uma
flechada na cabeça, morre. Se cair do cavalo e bater a cabeça em uma pedra,
morre. Se estiver sem a couraça, uma flechada no peito é fatal. Policiais morrem
frequentemente por não usarem colete à prova de balas. Se algum item não fosse
indispensável, não faria parte da armadura. Lutar exige habilidade, ainda mais
carregando escudo, espada e a armadura. Logo, somente o indispensável faz parte
da vestimenta necessária para a guerra – não há nada que possa ser dispensado.
Na guerra espiritual, não entre desprovido de nada – tenha sua armadura
completa!
Com armadura em dia, vem a oração. Não lutamos contra
a carne. Às vezes, quem se levanta contra nós está bem do nosso lado: é o irmão
da igreja, o irmão de sangue, o pai, o marido, o filho. O que fazer? Brigar com
eles? Discutir? Bater? Não! Precisamos ter em mente que é o inimigo quem usa
cada uma das pessoas que se levanta para tentar tirar nossa paz. Qualquer
pessoa, por mais santa que seja, pode dar uma brecha ao inimigo para ser usada
por ele. Qualquer pessoa – o pastor, a mãe, o estranho no ônibus – qualquer um!
A armadura vai nos proteger, especialmente o capacete da salvação, e o escudo
da fé. E, juntamente com a espada da Palavra, vai a oração – a forma de
atacarmos numa guerra. Orando sem cessar. Em sua carta, Paulo diz para ‘vigiar
nisto com toda a perseverança’. Vida cristã sem oração não é vida cristão.
Entrar em uma guerra exige preparo – e o nosso é a
oração!
Devidamente vestidos e firmes em oração, vem o
terceiro passo: não parar. Não parar de orar, de lutar, de dançar, de cantar,
de louvar, de trabalhar, de ir, de ser, de viver. Não parar! Em Eclesiastes 3,
o pregador diz que há tempo para tudo, mas não há tempo de parar. Então, não
podemos parar, até que Jesus nos chame para si. Nesse dia então, descansaremos.
Mas até lá, não podemos
parar!
Vida é movimento. Nosso corpo trabalha até quando
dormimos. Não para. Quando paramos, estamos deixando de viver, e isso é muito
triste. Eu sei que há situações em que queremos jogar a toalha porque
simplesmente não dá mais. Mas nesses momentos devemos nos lembrar do maior
exemplo de todos: Jesus. Nós não temos ideia do que vai nos acontecer. Mas
Jesus sabia exatamente que seria traído, por quem seria traído e como seria
traído. E não parou. Ele sabia que não seria aceito pelos seus, e não parou.
Ele sabia que tipo de morte teria, e não parou. O que nos acontece é pouco
perto de tudo que nosso Mestre viveu. Por isso, não podemos
parar!
É importante trazer um quarto ponto à nossas mentes:
não lutamos guerras que não podemos vencer. Deus sabe exatamente qual batalha
dar a cada guerreiro. E sempre envia o escape junto. E a Palavra nos diz para ‘resistir firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições
se cumprem entre os vossos irmãos no mundo’ (1 Pe 5.9). Isso que está
acontecendo, não está acontecendo somente com você! Todos passamos pelas mesmas
coisas, lutamos batalhas muito similares, porque o objetivo do nosso adversário
é um só: nos derrubar. Mas nosso Deus, infinitamente maior e mais poderoso, não
nos deixa na mão! Em momentos de guerra vemos com tanta clareza o Seu mover!
Sabe quando você não tem um centavo, e ainda assim tem comida para alimentar
toda a sua família? É quando está chovendo, mas não cai uma só gota de chuva em
você! Eu já vivi isso, e sei que Deus gosta (e muito) de trabalhar quando
estamos passando pelas lutas, porque quando somos fracos é que somos fortes,
pois o Seu poder se aperfeiçoa na nossa fraqueza!
Os tempos de guerra são difíceis, mas são os melhores tempos para
experimentarmos de Deus. Mas precisamos estar devidamente armados, orando o
tempo todo, e nunca parar.
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